08/09/16

"O jogador diferente"




 Até que ponto devemos limitar jogadores?
Queremos formar Robôs?
Queremos um futebol com jogadores iguais?







Estas são algumas questões que tenho levantado nos últimos tempos atendendo ao futebol atual. Com o desaparecimento do futebol de rua e na era dos jogos virtuais é nos treinos que os atletas têm contacto com bola. Logo, este tem de ser um momento fundamental para a sua aprendizagem. Como refere Fonseca (2006) a qualidade só se adquire pela prática repetida desde cedo.
Enquanto observador de inúmeros jogos de formação, tenho verificado que o aparecimento deste tipo de jogadores é quase inexistente e, quando existe, muitas vezes as suas ações são limitadas pelo seu treinador com frases semelhantes a “Só podes dar dois toques na bola!”, “Não arrisques tanto!”, “Assim perdes a bola!”. Na formação, o jogador deve ter espaço para o erro, possibilidade de arriscar e oportunidade de perder muitas vezes a bola. Todas estas ocasiões fazem parte do processo de formação e aprendizagem do atleta onde o resultado quantitativo não é o mais importante. Na minha opinião, deve existir um equilíbrio e uma sensibilidade da parte do treinador (enquanto gestor da formação) em perceber que o jogador com mais talento tem de ter outra liberdade.
Será que o Messi teve essa limitação?
Se um treinador o obrigasse a jogar a dois toques era o jogador que é hoje?
…Muito provavelmente não…
É tarefa do treinador incentivar e dar ao seu atleta margem para o erro para que este não tenha medo de realizar ações. Repreender e castigar num cenário de erro é desencorajar novas tentativas de aprendizagem, uma vez que reduz a predisposição para arriscar e experimentar (Fonseca, 2006). Um talento necessita de condições para evoluir. Um bom jogador enquadrado numa realidade pobre, nunca conseguirá potenciar o seu talento. Cabe aos treinadores criar essas condições. Caso contrário, corremos o risco de ter 11 jogadores igualmente formatados com processos automatizados e repetitivos, com as mesmas rotinas que levem à perda da beleza e da magia do Futebol.





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